Como superar a síndrome do impostor através da autocompaixão

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Você sabe o que é a síndrome do impostor? Saiba o que é e como superar através da autocompaixão.

A síndrome do impostor surge quando somos dominados pela perspectiva interna de que, a qualquer momento, seremos expostos como menos competentes do que os outros acreditam que somos. Confesso que lutei por muitos anos para compreender essa sensação de incapacidade e insegurança. Não importava quantos cursos eu fizesse, uma voz interna implacável sempre apontava o dedo para mim, dizendo: “Ainda não é suficiente. Você não é bom o bastante. Aquela pessoa é melhor que você.”

Você também conhece essa voz? Aquela que muitas vezes o paralisa, fazendo com que você se compare constantemente e se sinta como a pior pessoa do mundo?

É extremamente cansativo ter que provar-se constantemente para o mundo e, principalmente, para o pior ditador que existe: nós mesmos.

Decidi buscar entender o que estava acontecendo internamente comigo e, ao mesmo tempo, ajudar meus alunos a lidar melhor com esse padrão que nos machuca tanto. Este texto é baseado nos estudos de Kristin Neff e em minha própria experiência.

O Preço da autojulgamento causado pela síndrome do impostos

Quando somos duros conosco, no fundo, desejamos estar acima da média. Olhamos no espelho e não gostamos do que vemos, sentimos vergonha e, consequentemente, somos extremamente severos conosco diante de qualquer falha, erro ou defeito. Na maioria das vezes, não conseguimos lidar com a realidade da imperfeição humana, e de maneira inconsciente, somos duros, rígidos e cruéis com nós mesmos.

Estudos afirmam que a comparação causa uma dor emocional intensa. Sentimos essa dor fisicamente, como resultado de pensamentos críticos. Essa busca incessante por querer ser bom em tudo é preocupante. Milhões de pessoas atualmente precisam tomar medicamentos para lidar com insegurança, ansiedade e depressão, problemas extremamente comuns em nossa sociedade. Grande parte disso se deve ao duro autojulgamento e ao martírio constante quando achamos que não estamos vencendo no jogo da vida.

Infelizmente, nossa sociedade foi construída em torno de uma competição desenfreada. As mulheres e mães são pressionadas a serem perfeitas, nas empresas as pessoas nunca são boas o suficiente, e assim por diante… Não estou dizendo que não devemos buscar a melhoria em nossos comportamentos e padrões, mas focar apenas no que falta, seja em feedbacks profissionais ou em nós mesmos, nunca nos fará sentir confiantes com aquilo que já possuímos.

Nossos sucessos e fracassos vêm e vão - eles não nos definem nem determinam nosso valor. A felicidade vem de amarmos a nós mesmos e nossas vidas exatamente como elas são, sabendo que alegria e dor, força e fraqueza, glória e fracasso são essenciais para a experiência humana plena.

Mulher branca com cabelos ruivos removendo uma máscara branca e com expressão de desapontamento

Os Impactos da Autocrítica na Saúde Mental

Estudos afirmam que o cérebro não sabe distinguir uma voz interna de uma externa. Sua reação é a mesma. Infelizmente, existem casos reais de pessoas tóxicas em ambientes de trabalho e relacionamentos pessoais, que constantemente nos colocam para baixo. Você entrega um relatório e só apontam o que não ficou bom, ou em casa você tem um companheiro ou companheira que critica tudo o que você faz. Como você se sente? Essa situação te motiva a melhorar? Você se sente mais confiante? Eu acredito que não. Esses comportamentos externos ativam o sistema de luta ou fuga em nosso cérebro, o sistema de proteção que causa medo, insegurança e ansiedade.

O mesmo acontece quando estamos constantemente nos criticando. Quanto mais nos criticamos, quanto mais batemos em nós mesmos, menos crescemos. Pelo contrário, nos sentimos cada vez mais inadequados, inseguros e propensos à procrastinação.

A autocrítica muitas vezes distorce nossa visão. Identificamo-nos com essa voz interna que possui uma visão míope de nós mesmos. Temos dificuldade em enxergar nossas próprias capacidades, reconhecer nossa humanidade e nos abrir para o fato de que cometeremos erros, afinal, somos humanos.

No fundo, percebo que todos nós assumimos máscaras com medo de que descubram que todos nós temos medo e somos inseguros.

Com base nos estudos sobre compaixão e em minha própria experiência, temos medo de sermos criticados e de não sermos amados. A loucura da autocrítica reside na crença de que, ao nos machucarmos, receberemos maior valorização externa. Posso afirmar com certeza que isso não acontecerá. Você terá que desenvolver um relacionamento melhor consigo mesmo e com os outros.

Se você é um líder extremamente autocrítico que não consegue elogiar sua equipe e acolher os erros, os impactos na saúde emocional desse time são enormes. Com o sistema de proteção em alerta, ninguém consegue ser criativo.

Acabando com a síndrome do impostor

Uma das maneiras de desenvolver maior capacidade de lidar com a autocrítica é através da autocompaixão, que já foi amplamente estudada pela neurociência e comprovou seus efeitos positivos na regulação emocional.

Autocompaixão envolve tratar a si mesmo como trataria um amigo, ser gentil com seu próprio sofrimento. É um comportamento proativo que visa o bem-estar pessoal e busca melhorar a situação.

A autocompaixão nos ajuda a reconhecer nossas habilidades e qualidades de uma perspectiva gentil, em vez de uma perspectiva destrutiva. Ela reduz a necessidade de comparação com os outros e nos ajuda a desenvolver uma maior capacidade de nos aceitarmos.

A prática da autocompaixão ativa o sistema de calma e contentamento de várias maneiras, estimulando o sistema nervoso parassimpático, que está relacionado ao equilíbrio emocional e às emoções positivas.

A principal lição que aprendi com a autocompaixão é entender que sou humana, que tenho sofrimentos e que cometo erros. Nem todos os dias serei super produtivo, terei medo, e isso é o que me torna humana. E posso acolher esse fato. Essa perspectiva da autocompaixão mudou completamente minha relação com minhas emoções e comigo mesma.

Por fim, não transformamos a autocrítica em mais crítica. É importante compreender que essa “voz” precisa ser vista, acolhida e, acima de tudo, que você entenda que você não é essa voz.

Praticando a compaixão:

Existem várias práticas que podem ajudar a cultivar a autocompaixão. Aqui estão algumas sugestões para começar, que ensino nos treinamentos de educação emocional corporativa

1. Mude o tom da sua conversa interna: Quando você se pegar se criticando, tente adotar um tom de voz mais gentil. Pergunte a si mesmo: “Eu falaria assim com um amigo?” ou “Como eu tentaria ajudá-lo?” Apenas trazer essa reflexão à consciência já pode ajudar a iniciar um processo de autodesenvolvimento mais positivo.

2. Faça uma lista dos seus pontos fortes: Reserve um tempo para escrever uma lista dos seus potenciais e reconhecer as coisas boas em si mesmo. Identifique suas habilidades, conquistas e características positivas. Isso pode ajudar a contrabalançar a tendência autocrítica e fortalecer sua autoestima.

3. Pratique a autocompaixão em momentos de dificuldade: Quando estiver enfrentando um desafio ou cometendo um erro, em vez de se punir ou se culpar, tente se tratar com compaixão. Reconheça que todos cometem erros e enfrentam dificuldades, pois somos humanos. Dê a si mesmo palavras de encorajamento e ofereça apoio emocional, como faria com um amigo querido.

4. Cultive a consciência plena: A prática da atenção plena pode ajudar a desenvolver uma maior consciência de seus pensamentos autocríticos e emoções negativas. Ao ficar consciente desses padrões, você pode se afastar deles e cultivar uma postura mais compassiva consigo mesmo. A meditação da autocompaixão é uma forma específica de meditação que pode ser útil nesse processo.

Lembre-se de que a autocompaixão é um processo contínuo e leva tempo para se desenvolver. Seja paciente consigo mesmo e esteja aberto(a) para praticar regularmente. Com o tempo, você poderá experimentar uma maior compaixão por si mesmo e uma melhoria em sua saúde mental e bem-estar emocional.

Me conte você já tinha pensando desta maneira?Como está a sua relação consigo mesmo?

Herica Ponsiana

Educadora emocional

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